sábado, 30 de abril de 2011

As temíveis ondas da inflação

O site Globo.com do último dia 25 traz uma matéria com a seguinte manchete: “Temos imensa preocupação com a inflação”, diz a presidente Dilma. A foto que ilustra a matéria mostra a nossa presidente tomando vacina contra a gripe. Dizem que uma imagem vale por mil palavras, por isso a tal foto da vacina não está ali por acaso. Quando o assunto é inflação o ideal é prevenir, é vacinar, reforçar a imunidade desse imenso organismo chamado Brasil, um paciente que já convalesceu desse mal, chegando a ficar na UTI por anos a fio, com uma  febre inflacionária,  que no governo Sarney bateu na casa dos 86% ao mês!, ou seja, 2.751% ao ano!
Para a nova geração, acostumada a viver num país de saúde mais estável nesses últimos anos, pode parecer ficção. E por falar em ficção, entro na área do cinema para dar um exemplo de como a economia brasileira estava verdadeiramente nas trevas naqueles anos. Em 1988 uma produção norte-americana desembarcou no Brasil para produzir o filme Luar Sob Parador, estrelado por Richard Dreyfuss, Raul Julia, Sammy Davis Jr. e Sonia Braga. Rodado em Ouro Preto, o filme conta uma história curiosa: o ditador de um país fictício morre de ataque cardíaco e é substituído por um sósia, ator que estava trabalhando naquele pequeno país.
Bem, o roteiro dessa comédia leve e realmente divertida não é tão absurdo quanto o que dizem ter acontecido no período das filmagens no Brasil. É que o produtor do filme – orçado em alguns milhões de dólares –, não perdeu a oportunidade de aplicar o dinheiro da produção nos bancos brasileiros. Resultado, terminada as filmagens, os gringos retornaram para a América com o mesmo valor que teriam trazido para gastar, pagando todo filme apenas com o juro ganho em nosso país.
Se é verdade ou lenda nunca vamos saber, a única certeza é de que uma inflação galopante como naquela época provoca situações inusitadas, causando um desequilíbrio total no país e na vida da população, que por ser a parte mais fraca, sempre vê a corda arrebentar de seu lado. Voltando ao presente e à matéria do site Globo.com, percebemos que os economistas do mercado financeiro elevaram a sua previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011 de 6,29% para 6,34%, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central. Apesar de a presidente Dilma dizer que está imensamente preocupada com a inflação, mas que em hipótese alguma o governo se desmobilizará diante do temido monstro, para o qual todas as  atenções vão estar voltadas com o objetivo de combatê-lo, é preciso ficarmos em alerta! Os produtos que mais subiram nos últimos meses (etanol, gasolina, cebola, laranja, banana, óleo de soja e a mensalidade dos ensinos médio e fundamental), fazem parte da lista das necessidades básicas da sociedade.
Para compensar esse desajuste, a palavra ‘supérfluo’, esquecida nos últimos anos, pode voltar com força total no vocabulário dos brasileiros. Já tem muita gente controlando o orçamento diário, diminuindo gradativamente a lista de compras, deixando de lado os produtos considerados supérfluos. As donas de casa, conhecidas como heroínas nos tempos de crise por lutar bravamente  no “ringue dos supermercados”, começam a ficar assustadas com a possibilidade de reviver aquele pesadelo.
Só pra lembrar, quando a crise mundial deixou o mundo em alerta, o ex-presidente Lula disse que para o Brasil aquele “tsunami” não passava de uma “marolinha”. Esperamos que a tal “marolinha” não esteja ganhando forças com a ventania da desatenção na política financeira do país. Que as ondas da inflação cresceram enquanto o “barco Brasil”  estava distraído, não temos dúvida. Não podemos permitir que a ornamentação de candidato à nova potência mundial não nos deixe enxergar o que nos espera pela frente nesse traiçoeiro mar da política econômica.

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